Vista da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro Acervo da Biblioteca Nacional brasileira |
Em 1º de março de 1565, ao ser
fundada por Estácio de Sá, a cidade recebeu a denominação de São Sebastião do Rio
de Janeiro em homenagem a D. Sebastião I (1554-1578), rei de Portugal, dotado
de grande fervor religioso e militar. Sua morte em Alcácer-Quibir, em 1578, originou, tempos depois, o Sebastianismo.
O Sebastianismo foi um movimento
místico que ocorreu em Portugal, na segunda metade do século XVI, pois o povo
não acreditava na morte do rei, divulgando a lenda de que ele ainda se
encontrava vivo, apenas esperando o momento certo para voltar ao trono e
afastar o domínio estrangeiro.
Como São Sebastião tornou-se
padroeiro da cidade do Rio de Janeiro?
Procissão de São Sebastião |
Em 1 de novembro de 1555, os
franceses, liderados por Nicolas Durand de Villegagnon[1],
apossaram-se da Baía da Guanabara, estabelecendo uma colônia na ilha de Sergipe
(atual ilha de Villegagnon) onde ergueram o Forte Coligny. Os aliados dos
franceses eram os índios Tupinambás[2].
Os portugueses, que detinham a posse da terra, pelo Tratado de Tordesilhas[3],
se aliaram a um grupo indígena rival dos Tupinambás, os Temiminós[4].
Houve diversas lutas entre franceses e Tupinambás e portugueses e Temiminós. Em
1567 os portugueses e seu aliados, os índios Temiminós, destruíram a colônia
francesa.
Segundo lenda difundida oralmente, São Sebastião
foi visto de espada na mão entre os portugueses, mamelucos e índios Temiminós,
lutando contra os franceses calvinistas e indígenas Tupinambás, durante a batalha
final que expulsou os franceses que ocupavam o Rio. O dia da
batalha foi a 20 de janeiro, mesmo dia em que São Sebastião é celebrado como
protetor da Humanidade contra a fome, a peste e a guerra.
Atualmente
o povo do Rio de Janeiro tem por seu padroeiro São Sebastião e comemora, com
missas e procissões a data que chega a ser confundida com a da criação da
cidade em 1º de março.
A estátua
de São Sebastião foi criada por Dante Croce, Curzio Zane e Arnaldo Valilo. Mede
7 metros de altura e pesa 60 toneladas. Está depositada numa circunferência de
20 metros, nas imediações do local em que “ a 20 de janeiro de 1567, o Santo
apareceu aos portugueses e ajudou Estácio de Sá a vencer a Batalha das Canoas”.
São Sebastião foi entronizado na cidade do Rio de Janeiro 398 anos depois de
sua “aparição”, no Largo do Russel, por ocasião dos festejos do 4º centenário
da cidade do Rio de Janeiro.
Fontes
BUENO, E. Brasil: uma história. 2ª edição revista.
São Paulo. Ática. 2003.
______ Capitães do Brasil: a saga dos primeiros
colonizadores. Rio de Janeiro. Objetiva. 1999.
CALMON, Pedro. História
do Brasil - Primeiro volume. Rio de Janeiro:Ed. José Olympio, 1959
CARVALHO, Carlos Delgado de (1884-1989). História diplomática do Brasil.
Brasília: Senado Federal, 1998
CAVALCANTE, Fátima Xavier. Tour pelas ruas e estátuas. 2011.Disponível
em http://www.slideshare.net/fatimadeluzie/tour-pelas-ruas-e-esttuas
Acesso em 19/01/2013
STADEN, H. Duas
viagens ao Brasil: primeiros registros sobre o Brasil. (trad. Angel
Bojadsen). Porto Alegre, Rio Grande do Sul: L&PM. 2010.
[1]Nicolas
Durand de Villegagnon (1510 –1571) foi um cavaleiro da Ordem de Malta e
diplomata que, como oficial naval, alcançou a distinção e título de
Vice-almirante da Bretanha. Notabilizou-se, entre outros feitos, pela fundação
de um estabelecimento colonial na costa do Brasil, a França Antártica,
combatida e erradicada por forças portuguesas.
[2] Tribo
indígena tupi que, até o século XVI, habitava duas regiões da costa brasileira:
a primeira, desde a margem direita do Rio São Francisco até o Recôncavo Baiano;
a segunda, o litoral sul do atual Estado do Rio de Janeiro e o litoral norte do
atual Estado de São Paulo. Este segundo grupo, habitante do litorial do Rio de
Janeiro, também era chamado de Tamoio.
[3]
Celebrado entre Portugal e Espanha, em 1494, dividindo o mundo descoberto e a
descobrir entre as duas potências marítimas
[4] Tribo
indígena de língua tupi que habitou o litoral da Região Sudeste do Brasil(século
XVI). Inimiga dos tupinambás ainda que possuíssem traços culturais em comum com
outras tribos tupis: língua, crenças e costumes.
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