Professor Ubiratan Vianna e professoras amigas, entre as quais, à esquerda, minha
irmã Elizabeth e eu.
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Hoje eu vim me despedir de um
amigo. Um amigo que não era só meu e que conheci através do meu trabalho. Este
amigo, assim o tinha e do mesmo modo por ele era tratada, era um professor. O professor UBIRATAN VIANNA. Foi
diretor do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro. Era um homem
sábio.
Hoje
me despeço de um professor como pouquíssimos vi em quase meio século no
magistério. Com um olhar de professor, aquele que vê a pedra bruta e enxerga o diamante,
o professor UBIRATAN VIANNA via nos seus companheiros de trabalho não um inimigo, ou um concorrente, alguém
com quem devesse duelar; mas alguém que, com a experiência que trazia, enriqueceria um
trabalho comum e coletivo. Infelizmente o Instituto Superior de Educação do Rio
de Janeiro não viu isso, não acreditou nele e, também não pode usufruir, como merecia, da
experiência, da sensibilidade, do saber, e dos amigos que habilmente fazia.
Preferiu o vazio de discursos inócuos. Que pena!
O
professor UBIRATAN VIANNA ao chegar ao ISERJ viu e valorizou, como nunca antes na instituição, em primeiro lugar a memória e
a história institucional. Quis tornar o ISERJ o Instituto dos anos dourados.
Não conseguiu. Contra ele se levantaram os símbolos do atraso e do desgaste, e
os servidores, acompanharam a velha obliquidade da educação em nosso desalentado
estado, com medo de perseguições posteriores, que houve. Eu o diga..
Este
homem baixo, magro, com um aperto de mão seguro, valorizou a memória e a
história institucional. Sempre. Ele permitiu que eu criasse o Centro de Memória
Institucional do ISERJ me dando todo o apoio que precisava para viabilizar o
intento que hoje, de nome mudado, como se tivesse nos documentos mais que a
história institucional, quer abarcar fontes que não possui. Para ter acesso a
fontes que meia dúzia de pessoas tinha acesso, antes do CEMI dependia-se de
boa-vontade. Após o CEMI não. Todos que desejassem conhecer a história
institucional podiam. Tenho hoje, e agradeço por isso, o reconhecimento dos meus
pares historiadores da educação por haver criado o CEMI. Devo a ele ter podido fazer este trabalho.
Tudo que pedia a ele para realizar o trabalho, o tive: de funcionários a material.
O
professor UBIRATAN VIANNA sempre reconheceu o trabalho de cada pessoa dentro do
ISERJ, não só o meu. Que o digam, dentre tantos, minha irmã Elizabeth, Waleska, Ana Diogo, Lúcia, Angela Leão, Selma.... Oriundo da velha cepa de professores ele usava o carisma e as brandas
palavras, mesmo quando enérgicas, para atingir seu objetivo de renovar e oxigenar
uma velha escola. Do mais humilde funcionário ao mais alto hierarquicamente,
todos, eram tratados com respeito.
Ele
homenageou velhos professores e velhos funcionários que se aposentaram e nunca receberam um “obrigado”
e um “até breve institucional” com placas com o prédio histórico do ISERJ estampado e os
dizeres “Você fez parte desta história”. Ele homenageou professores e
funcionários com placas com seus nomes encimando os umbrais de suas salas de
trabalho. Eu também fui nome da sala 300 A. Infelizmente, a minha foi retirada
na nova administração. Mas o gesto do professor, mesmo que materialmente
ocultado, foi importante para mim.
Tanto
o senhor fez professor, pelo ISERJ e pelas outras escolas que dirigiu! A
Educação lhe deve tanto! Nós os professores e funcionários que pudemos privar
de sua amizade e seu saber lhe devemos tanto! Aprendemos com o senhor a tolerância,
reafirmamos com o senhor, o amor à educação, aprendemos a ver no outro um
diamante a lapidar, reconhecemos no outro, um igual a somar forças.
O
senhor nos ensinou muito e creio, hoje, ficamos órfãos de um grande professor.
Ficamos mais vazios sem o amigo que ria junto a tomar uma cerveja geladinha, a
torcer pela Beija Flor. O ISERJ que sequer lhe deu o seu retrato na galeria de
diretores, perdeu a oportunidade de redimir-se, mas O SENHOR, PROFESSOR UBIRATAN VIANNA, FEZ PARTE DESSA
HISTÓRIA!
Eu
perdi um amigo a quem eu respeitava e que me respeitava. Perdi um mestre que
ajudava a iluminar os caminhos mais escuros.
Talvez
o céu precise de professores como o senhor: um professor de professores, um
amigo de todas as horas dos funcionários. Vá em frente, meu amigo, continue a
ensinar. Seus amigos, dentre eles, essa professora agradecida e triste, vão
sentir a falta da presença física, mas, certamente, terão seus ensinamentos
sempre junto.
Até
breve!
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