Chafariz do Lagarto, projeto de Mestre Valentim, criado em 1786 pelo Vice- Rei D.Luiz de Vasconcellos |
Em março de 1889, a cidade do Rio
de Janeiro conviveu com um violento surto de febre amarela que matou cerca de
duas mil pessoas. Era época de um calor muito grande o que baixou, em níveis
críticos, os mananciais de água que abasteciam a cidade. Assim, a falta de
saneamento que já existia, aliada à falta d´água fez um grande estrago à cidade
e seus habitantes.
A cidade levou mais de cem dias
sob estiagem, a seca, como diz o Relatório do Ministro do Império de 1888, o que
ocasionou inúmeros transtornos à população e matou muita gente.
Os chafarizes, pontos de
abastecimento do povo, ficaram secos. Se via gente, muita gente, nos chafarizes
do Campo de Sant`Anna, no do Largo do Capim, no do Largo do Mata-Porco, enfim,
nos muitos chafarizes que existiam espalhados pela cidade. A todo o momento promoviam-se
comícios nos chafarizes exigindo água imediata. Os jornais cobravam do governo
imperial as providências. Todo o Rio de Janeiro reclamava.
O governo imperial, por sua vez, tentando
resolver os problemas da seca e da febre amarela, editou o Decreto 10.181/89
que disponibilizava, depois de muita discussão dos nobres que compuseram uma
comissão especial, um crédito extraordinário de 5.000:000$000 para estabelecer
um sistema hospitalar completo de terra e uma reforma no porto, além de obras
para o saneamento sistemático e preventivo da capital. Parte destes recursos não
ficou no Rio de Janeiro, foi encaminhado às províncias do norte que também
sofriam com a falta de água.
A seca continuava. E a febre
amarela persistia, como sempre, há muitos anos. O povo não sabia mais o que
fazer até que o Engenheiro Francisco de Paula Bicalho, que chefiava a Diretoria
de Obras do Novo Abastecimento, deu uma declaração aos jornais informando ter
recusado um plano de reforço ao abastecimento de água da cidade que, em 40 dias,
resolveria o problema da seca. Todos opinavam. Todos tinham a solução. Todos
criticavam.
Nesta imensa confusão, o Diário
de Notícias publicou um artigo, assinado pelo Engenheiro Paulo de Frontin, que
dizia poder resolver o abastecimento em seis dias. Ninguém acreditou. Seis
dias?
Como não havia outra idéia para o
problema da seca, o governo imperial disponibilizou verba e contratou o
engenheiro Paulo de Frontin que, imediatamente, começou a trabalhar. Ele construiu
logo uma comunicação provisória, através de uma calha de madeira, ligando as
cachoeiras de Tinguá, na serra fluminense, à cidade. Era por ali que a água
passaria.
Em seis dias o Rio de Janeiro
tinha água e o povo cantava pela rua “Palmas! Palmas ao Frontin!”
Quanto a febre amarela... bom,
esta só se resolveu, nas áreas urbanas, na década de 1930. No Rio de Janeiro,
finalmente acabou em 1903, com as providências de Oswaldo Cruz, mas isso já é
outra história.
2 comentários:
Parabéns pelo artigo, professora Heloísa. Para mim é simplesmente delicioso conhecer estas facetas de nossa história. Também ando pesquisando a obra do grande engenheiro e adminstrador André Gustavo Paulo de Frontin e cada vez mais o admiro. Muito obrigado pelo seu trabalho de trazer à luz episódios de nossa história mostrando detalhes que, não tem como não ser, encantam a todos que deles tomam conhecimento.
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