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sexta-feira, 1 de março de 2013

Meu Rio.





1817 Rua do Piolho


Rio de muitos nomes, “cidade espelho”, Sebastianópolis, “cidade- mulher”, todas a retratar a sua vocação de receber bem os visitantes. Toda sua história mostra isso. Viajantes que conheceram o mundo aqui ficaram a pintar, a descrever hábitos, a compartilhar amores e admiração. Viessem de qualquer lugar do Brasil ou dos mais recônditos países de que o Atlântico nos separa, aqui ficavam, e a eles devemos, talvez, esse ar cosmopolita de abrigar aos de qualquer lugar do planeta. Dos nossos índios tupi que, divididos em tribos várias,  permitiram que nós herdássemos o bem receber. Quer gente mais simpática que o carioca?
            Mas carioca não é só quem aqui nasceu, como eu, lá pelas bandas das Laranjeiras e me criei no Grajaú. Não, a esse chamamos “carioca da gema”. Por quê? Não sei. Talvez porque nesse “da gema” tenha um nascimento. Será?
            Há algum tempo, com a ditadura, que no Rio se fez muito presente e, infelizmente, mais dura, perdemos nossa autoestima de cidade sede, cidade-estado, cidade-capital. Agora, quando o resto do mundo nos escolhe para sede eventos, outras cidades vão levando alguns, mas, mesmo assim, é do Rio que o estrangeiro fala, é o Rio que o estrangeiro quer conhecer, é  de nossa “princesinha do mar” que ouvem falar, de sua areia branca fofinha...
            Há coisas que o Rio tem que nenhum outro lugar tem. Que lugar tem o carnaval mais bonito do mundo? Que lugar tem o povo mais alegre? Onde se vê tanta alegria e descontração no último dia do ano? Onde a mulher passeia seu gingado milenar só andando? Onde o mar mais azul? Onde montanhas que abraçam a cidade como gente abraça gente? Onde um símbolo maior, o Cristo Redentor, toma conta da cidade e ainda aproveita para desejar boas vindas?
            Hoje, o Rio de Janeiro, faz aniversário. Inauguram um museu, o MAR, beirando as águas da Guanabara. É bonito. Um prédio pós moderno ao lado de outro, com vigas do primeiro decênio do século XX, a uni-los, as ondas que nosso carioca Niemeyer tão bem desenvolveu e perpetuou em sua obra. O Rio gosta de homenagens. É uma cidade vaidosa. Sabem-no bem os que, na rua da Carioca, que já foi rua do Egito e rua dos Piolhos, criada no século XVIII, homenageiam a cidade a cada aniversário.
            Hoje também o carioca, seja o aqui nascido ou o aqui ficado, acertaram com precisão milimétrica o coração de nosso santo padroeiro: fizeram greve dos transportes e ai, o cidadão que precisa trabalhar e já paga um transporte caro e mal conservado, às vezes até com baratas, sofre. Sofre como seu santo protetor. Quem imaginou essa greve hoje não gosta do Rio. Não me digam que foi toda uma categoria, não tenho mais idade para ser enganada por balela e, sou carioca, tenho no DNA o arquétipo de minha cidade que inclui, entre as muitas coisas de sua cultura a boa malandragem que herdei dos habitantes e que não me deixa enganar por coisa pouca. Quem marcou a greve hoje, não é do Rio, não se entregou ao Rio, não ama a cidade.
            Hoje, isso é comum. Cidades há no Brasil que têm inveja do Rio de Janeiro. Aí, tiram nosso dinheiro, que o petróleo de, fazem xixi na rua durante a passagem dos blocos de carnaval, fazem greve no aniversário... Não ligue, minha cidade do Rio de Janeiro! Nós te amamos!
            Feliz aniversário!

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