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domingo, 27 de maio de 2012

A Faceira : culto a mulher





Em abril de 1911 no Rio de Janeiro, veio à luz da publicidade, o primeiro exemplar de uma revista intitulada A Faceira, que recebeu a designação numérica de ano 1, número 1. Publicada em papel couché, A Faceira era "propriedade de uma associação" e trazia, no expediente de cada fascículo editado, a seguinte relação de colaboradores: as "senhoritas": Leonor Posada, Cecília Pimentel Aguirre, Violeta Motta, Hermance de Aguiar, Julieta Accioli, Elda de Moraes Cardoso e Carmen das Dores; os "senhores": Angelo Tavares, Ataliba Reis, Alvarenga da Fonseca, Hermes Fontes, Silveira da Motta, Da Veiga Cabral, Ricardo de Albuquerque, Deoclydes de Carvalho, Lupercio Garcia.
Com redação no primeiro andar da rua dos Ourives número 50, teve Xavier Pinheiro, José Carvalhaes Pinheiro e Romulo Batista exercendo os cargos de redator-chefe, diretor e redator secretário respectivamente. Publicação mensal, como pode ser verificado em seu primeiro editorial, contudo, "com a pretensão de passar a quinzenal", era vendido ao preço de 1$500, o número avulso e sua assinatura, por 12 meses, saía ao preço de 15$000.
Na Biblioteca Nacional constam sete anos da revista, encadernados em 6 volumes. O primeiro volume abrangendo os dois primeiros anos de existência: 1911 e 1912. Os anos de 1915 e 1916 também estão em uma mesma encadernação. O ano de 1917 encontra-se dividido em dois volumes, cada um abrangendo 6 meses. A revista teve no decorrer de sua existência, uma variação no formato.
O primeiro editorial d'A Faceira inicia-se com as seguintes palavras:
"Ei-nos diante de uma difficil tarefa: escrever o artigo de apresentação e dizer o nosso programma. Apresentarmo-nos? Mas como?... De que modo nos cumpre falarmos ao mundo feminino, de cujos interesses nos propomos tratar, nesta revista que se dedica à vida elegante, à vida chic da nossa urbs? […] Rebuscando phrases, burilando periodos, procurando idéias, numa lucta sem treguas, conseguimos porfim encontrar quatro palavras que synthetisam o nosso programma. Eil-as: - um culto a mulher! São esses os nosso fins, os nossos escopos, o nosso rumo."
Encontram-se artigos diversos no periódico, fotos de senhoras e senhoritas da sociedade em seus belos trajes da época, crônicas, peças teatrais, poemas. Há, também, páginas musicais, com alguns fascículos apresentando partituras. Vários poetas publicam obras nas páginas d'A Faceira, dos quais destacamos: Adelina Amelia Lopes Vieira, Ernesto Souza, Hermance de Aguiar, Hermes Fontes (1888-1930),Áurea Pires (1876-1949), Leonor Posada (1893-1960), Delfina Benigna da Cunha (1791-1857), Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) e Olegário Mariano(1889-1958).


Fonte: Biblioteca Nacional Digital Disponível em
Fotos: A Careta 1 e 7


terça-feira, 15 de maio de 2012

Avenida Presidente Vargas

Início das obras na Avenida Presidente Vargas

Desde o século XIX pensou-se em secar o pântano existente no Canal da São Diogo, lá pela altura da hoje Cidade Nova. Um foco de malária e outras doenças que grassavam  no Rio de Janeiro. Por volta de 1857, iniciou-se a obra de construção do canal do mangue de São Diogo, o que levou ao aterramento da lagoa da Sentinela e dos pantanais ali existentes que iam até o Campo da Aclamação, ou Campo de Sant”Anna, como foi também chamado.


Obras década1940
 No governo de Henrique Dodsworth (1937-1945)[1] como prefeito do Distrito Federal foi aberta a Avenida Presidente Vargas, de modo a prolongar a Avenida do Mangue até o atual Arsenal de Marinha. A abertura desta avenida exigiu a demolição de 525 prédios e fez desaparecer inúmeras ruas. A avenida Presidente Vargas tem 2.040 metros de extensão até a Praça Onze. Se medirmos até a Praça da Bandeira a extensão é de 4 quilômetros. A largura da avenida mede 80 metros na Candelária e 90 metros no trecho próximo ao Canal do Mangue.

É uma avenida movimentadíssima e tem entre os prédios que a ladeiam o da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, o edifício sede da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, a antiga sede da CEG e o Hospital São Francisco de Assis, tombados pelo patrimônio histórico, o último em péssimo estado de conservação.



Antigo prédio da CEG

Hospital são Francisco de Assis



[1] Foi médico e político. Nasceu na rua do Catete. Era sobrinho de Paulo de Frontin. Foi deputado em 1933 e 1935 e professor do Colégio Pedro II. Foi interventor do Distrito Federal de 1937 a novembro de 1945.

terça-feira, 8 de maio de 2012

80 anos do Manifesto dos Pioneiros

Busto de Anísio Teixeira
feito pela Zani Fundição Artistica


O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova" consolidava a visão de um segmento da elite intelectual que, embora com diferentes posições ideológicas, vislumbrava a possibilidade de interferir na organização da sociedade brasileira do ponto de vista da educação. Redigido por Fernando de Azevedo, o texto foi assinado por 26 intelectuais, entre os quais Anísio Teixeira Afrânio Peixoto, Lourenço Filho, Roquette Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes Lima e  Cecília Meireles. Ao ser lançado, em meio ao processo de reordenação política resultante da Revolução de 30, o documento se tornou o marco inaugural do projeto de renovação educacional do país. Além de constatar a desorganização do aparelho escolar, propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação e defendia a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita. O movimento reformador foi alvo da crítica forte e continuada da Igreja Católica, que naquela conjuntura era forte concorrente do Estado na expectativa de educar a população, e tinha sob seu controle a propriedade e a orientação de parcela expressiva das escolas da rede privada. (Helena Bomeny, in http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/Educacao/ManifestoPioneiros )

Para comemorar a data a UFRJ está veiculando o evento A Educação Pública Brasileira nos 80 anos do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932) nos dias  30 e 31 de maio. O evento será realizado no Auditório Pedro Calmon. Participam, dentre outros, a Professora Drª Libânia Xavier e a Professora Drª Sonia Lopes.

É um evento gratuito e as inscrições podem ser feitas em  https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dG9xbUlxeHlkTFB5Yk1zVzBXZWZZRFE6MQ



quinta-feira, 3 de maio de 2012

Canção de amigos

Professora Doutora Inês de Almeida Rocha


Amanhã, dia 4 de maio,  a partir das 18 horas, no Museu da República, será lançado o livro   Canções de amigo: redes de sociabilidade na correspondência de Liddy Chiaffarelli Mignone para Mário de Andrade, da professora doutora Inês de Almeida Rocha. É uma publicação da Quartet, com apoio do Museu da República e da FAPERJ .

Este lançamento se reveste para mim como a ir visitar um bebê que acabou de nascer . Do mesmo modo desejo sucesso e longa vida. A autora,  com que tenho a alegria de poder compartilhar uma amizade rica de muitas trocas de conhecimento, deu a seu personagem, Liddy, o reconhecimento merecido através da análise de suas cartas para Mário de Andrade.

As cartas traduzem as emoções de Liddy frente a muitas passagens de sua vida, entremeadas por uma música ora suave, ora triste, ora célere, que não existe no texto, mas que perpassa a mente do leitor, ao tomar conhecimento de passagens íntimas da vida deste personagem.

Atrevo-me a ver, ante os olhos, os saraus realizados na casa de Liddy, como se pudesse, realmente recordá-los, se os tivesse vivido. É assim a escrita de Inês, transporta o leitor ao tempo do personagem investigado e permite que o personagem se apresente e seduza o leitor.

 Pude acompanhar este texto durante o tempo de sua confecção, nós duas e outros amigos fizemos parte do grupo de pesquisa da professora Dra. Ana Christina Venâncio Mignot, nossa orientadora e amiga, no PROPED/UERJ. Foi um texto burilado pelas inúmeras fontes a que Inês recorreu e a pesquisa da estrutura epistolar que, como bolsista, Inês pode desfrutar na Universidade de Alcalá, na Espanha. Por isso teve a chance de, junto a Agustin Escolano, seguir trilhas que percebemos sutis, no texto apresentado. 


Segundo palavras da própria autora |: "A correspondência de Liddy Mignone e Mário de Andrade constitui o objeto deste trabalho, que busca refletir sobre o circuito de sociabilidade no qual ela estava inserida e de que forma o convívio que manteve com intelectuais e músicos de seu tempo se reflete nos trabalhos desenvolvidos por ela em Educação Musical.  O tratamento histórico das fontes de pesquisa - a correspondência, os manuscritos e as publicações da educadora - possibilita pensar sobre as práticas pedagógicas de um período e contribuir para pesquisa em História da Educação Musical no Brasil."

Esse é um daqueles livros que não podem faltar na estante de quem estuda História da \Educação!
O lançamento será complementado por música, muita música, como convém a autora, professora de Música do Colégio Pedro II e pesquisadora do Arquivo Nacional, e a sua personagem, Liddy Chiaffarelli Mignone. 

Você não pode perder!




terça-feira, 1 de maio de 2012

Touradas no Rio de Janeiro




Nos tempos do "politicamente correto"  seria como aberração mal construída sequer pensar em touradas no Rio de Janeiro, mas elas aconteceram, no final do século XIX e início do XX.

Descobri por acaso, na seção de periódicos da Biblioteca Nacional brasileira, que os habitantes do Rio de Janeiro se interessavam e, aparentemente frequentavam bastante, as touradas na cidade.
Periódicos como A Bruxa, Sol e Sombra e Dom Quixote anunciavam as touradas e davam ao povo oportunidade de conhecer melhor a atividade expondo ilustrações de Ângelo Agostini, texto de Olavo Bilac e até croquis do evento.
Conhecendo a cidade e sua história e sabendo da vontade de se tornar "civilizada", era crível que até touradas se trouxessem para tornar mais "europeia" a cidade.
História insuspeita do Rio de Janeiro!
As touradas são uma tradição ibérica que vem perdendo adeptos pela forma sangrenta de tratamento dos animais.