Tenho
uma amiga que mora em um lugar lindo no Rio. Meio escondido da vista de que
passa apressado pelas ruas de Laranjeiras, fica o Parque Guinle, no sopé do
Morro de Santa Teresa. A princípio, o que se vê é um parque lindo, mas poucos
sabem que este parque foi traçado, em 1916, pelo paisagista francês Gerárd Cochet
para Eduardo Guinle, na perspectiva de um jardim particular. Nessa época o
paisagismo unia o desenvolvimento do capitalismo à imagem naturalista, numa
proposta pedagógica para construção de novos valores coerentes com a
urbanização a partir das edificações e paisagismo. A Alemanha é precursora
nessa proposta que, a seguir, foi abraçada pela França, da qual Cochet é um expoente,
e Estados Unidos, cujo Central Park é uma mostra do período. O jardim dos Guinle foi criado nessa lógica urbana, mas
somente após a morte do patriarca a família Guinle decide dividir o Parque com
moradores, que não o próprio clã.
Em
1946 decide a família preservar o parque e, em seu entorno manda construir
luxuosos edifícios. A tarefa arquitetônica foi entregue a Lúcio Costa, que
projetou e construiu os três primeiros prédios designados Nova Cintra, Bristol
e Caledônia. A construção ocorreu de
1948 a 1954. Nesse período houve a intervenção de Roberto Burle Marx no jardim
do palacete Guinle. Os prédios previstos, mais três, pelo projeto original, foram
obra do escritório MMM Roberto.
Atualmente
o conjunto residencial do Parque Guinle está dentro da Área de Proteção
Ambiental São José. Seus três edifícios se encontram na Rua Gago Coutinho e rua
Paulo César de Andrade. As fachadas, todas, exprimem o pensamento arquitetônico
que alia textura e leveza, marca da arquitetura brasileira do período.
À
entrada do Parque, mantém-se o portão original da residência da família lembra
os aspectos históricos de um Rio de palacetes e chácaras, já desaparecido. Já passei uma manhã toda lá,
desfrutando da aragem sempre fresca propiciada por inúmeras árvores. É um lugar
lindo para quem quer descansar do caos urbano, dentro da cidade. É um pequeno paraíso
desses que só o Rio oferece.
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