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domingo, 7 de dezembro de 2014

O Rio e seus pedacinhos de paraíso

           



              Tenho uma amiga que mora em um lugar lindo no Rio. Meio escondido da vista de que passa apressado pelas ruas de Laranjeiras, fica o Parque Guinle, no sopé do Morro de Santa Teresa. A princípio, o que se vê é um parque lindo, mas poucos sabem que este parque foi traçado, em 1916, pelo paisagista francês Gerárd Cochet para Eduardo Guinle, na perspectiva de um jardim particular. Nessa época o paisagismo unia o desenvolvimento do capitalismo à imagem naturalista, numa proposta pedagógica para construção de novos valores coerentes com a urbanização a partir das edificações e paisagismo. A Alemanha é precursora nessa proposta que, a seguir, foi abraçada pela França, da qual Cochet é um expoente, e Estados Unidos, cujo Central Park é uma mostra do período. O jardim dos  Guinle foi criado nessa lógica urbana, mas somente após a morte do patriarca a família Guinle decide dividir o Parque com moradores, que não o próprio clã.





           
       Em 1946 decide a família preservar o parque e, em seu entorno manda construir luxuosos edifícios. A tarefa arquitetônica foi entregue a Lúcio Costa, que projetou e construiu os três primeiros prédios designados Nova Cintra, Bristol e Caledônia.  A construção ocorreu de 1948 a 1954. Nesse período houve a intervenção de Roberto Burle Marx no jardim do palacete Guinle. Os prédios previstos, mais três, pelo projeto original, foram obra do escritório MMM Roberto.





         Atualmente o conjunto residencial do Parque Guinle está dentro da Área de Proteção Ambiental São José. Seus três edifícios se encontram na Rua Gago Coutinho e rua Paulo César de Andrade. As fachadas, todas, exprimem o pensamento arquitetônico que alia textura e leveza, marca da arquitetura brasileira do período.


            À entrada do Parque, mantém-se o portão original da residência da família lembra os aspectos históricos de um Rio de palacetes e chácaras, já desaparecido. Já passei uma manhã toda lá, desfrutando da aragem sempre fresca propiciada por inúmeras árvores. É um lugar lindo para quem quer descansar do caos urbano, dentro da cidade. É um pequeno paraíso desses que só o Rio oferece.


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