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quarta-feira, 1 de março de 2017

Meu Rio de 452 anos.



           





 
 Cristo Redentor, “braços abertos sobre a Guanabara”, liberta minha linda cidade dos grilhões que a impedem de ser maravilhosa como sempre foi!
            Liberta minha cidade da violência que assola suas ruas, becos e praias da violência que impede que possamos vivê-la intensamente!
            Salva-nos de gente que não respeita suas tradições, seu jeito irreverente de ser, seu acolhimento a qualquer um que aqui pise!
            Deixa que vivamos, de novo, nosso estádio símbolo, o Maracanã, nos jogos de domingo a colorir de gente e bandeiras as ruas, os papos de botequim, tornando visível o espírito alegre e feliz, o jeito carioca de ser!
            Permite que entremos novamente pela Floresta da Tijuca, a maior floresta urbana do mundo, sem medo, a admirar de suas trilhas nosso Rio lindo, e penetrar nos seus caminhos de árvores, bichos, cascatas para respirar o ar fresco que dali sai para uma cidade quente!
            Consente que, do alto da Ladeira da Misericórdia, possamos revisitar sua história, sua luta, sua formação de tanta gente misturada, vinda de tantos lugares, que fez dessa cidade o que ela é!
            Aceita que, junto ao seu marco português, guardado e exposto na Igreja dos Capuchinhos, se louve essa minha  cidade em qualquer rito que se queira, a partir da religião que se escolheu, sem ódios e repartições!
            Acolhe a todos que queiram ver, sentir e viver nossa vida carioca como sempre foi, sem discriminar, sem julgar, permitindo que a convivência nos enriqueça a todos!
            Cuida de nós, seus habitantes, nos morros que circundam nossa cidade e onde, na “porta do barraco sem trinco, a lua fura o nosso zinco e salpica de estrelas o chão”!
            Deixa que possamos, descansar em  nossas “praias tão lindas cheias de luz, [porque] nenhuma tem o encanto que tu possuis, [com] tuas areias, teu céu tão lindo [e] tuas sereias sempre sorrindo”, sem que um arrastão nos perturbe ou que a sujeira nos adoeça!
            Traz de volta seus compositores e pintores que espalharam pelo mundo a beleza de nossa mulata “bossa nova que caiu no Hully Gully”, que no Rio sempre foi a designação da miscigenação de brancos e negros, que encantou Sargentelli, que inspirou Di Cavalcanti e que sempre foi sinônimo de formas generosas e perfeitas que, como as montanhas que nos cercam, são símbolos de sua formosura!
            Tira-nos da ditadura do “politicamente perfeito” que no Rio não somos perfeitos, somos gente espontânea que compra quinquilharias na Praça XV ou na Rua do Lavradio para lembrar dos tempos da Tia Ciata, “ da Praça Onze tão querida, do Carnaval a própria vida”, e onde nosso samba maxixado nascia nos terreiros dos quintais!
            Deixa-nos viver nossas feiras para ouvir a cantoria dos feirantes “vem maluco, vem madame, vem maurício, vem atriz, pra comprar comigo” que são memórias da carne vendida na esquina, do peixeiro que visitava as casas e do leite direito da vaca que a modernidade nos roubou!
            Toma conta de nós porque até quem governa essa cidade hoje não respeita suas tradições e jeito de ser!
Liberta nossa vida de tanto preconceito, “cuidado exagerado” e falta de senso porque “minha alma canta [quando] vejo o Rio de Janeiro[...] teu mar, praias sem fim”!
           
            Por hoje, benção meu pai, feliz, apesar de tanta tristeza, aniversário!
           

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